Francisco Augusto
de Medeiros nasceu em 19 de outubro de 1895, no município de Acarai, RN. Era filho
de Manoel Xavier de Medeiros e Leonila Rosalina de Jesus (Nila).
Francisco Augusto contraiu núpcias aos 04 de fevereiro de 1922, em
Florânia – RN, com Senhorinha Aniceto
Araújo de Medeiros, nascida em 22 de abril de
1901, naquele município, sendo filha de Idalino Emídio de Araújo e
Isabel.
Já em 1923, nascia o primeiro filho do casal, batizado de Luiz Gonzaga
de Medeiros – Luquinha – in Memoriam. Após Luquinha, nasceram Leônia Medeiros
de Souza; Leonice Medeiros (in memoriam); Lindaura Medeiros Batista; e Lindomar
Medeiros Gondim (Lindú)- in memoriam, todos no município de Florânia.
Devido às dificuldades da época, Francisco Augusto e Senhorinha transferiram
residência do Seridó para o Médio-Oeste, em 1934, indo morar e administrar a
valiosa fazenda Santa Bárbara, pertencente ao senhor Adonias Galvão, no então
município de Augusto Severo.
Foi na referida fazenda onde nasceram: Lufran Medeiros; Leonila Medeiros
Silva - Mariquinha; Leonor Medeiros Silva – Mocinha; Lídia Luzia Medeiros
Soares – Dalvinha (in memoriam), e Lidione Medeiros (in memoriam),
A dedicação, o afinco e a lealdade de Chico Augusto o credenciaram a ter
a preferência do seu patrão para adquirir a referida propriedade rural. Desta
feita, Chico Augusto comprou a Santa
Bárbara e a escriturou; mas comprou fiado, pois o senhor Galvão bem era
conhecedor da atividade laboriosa de Francisco e confiou que não seria difícil
para ele cumprir o seu dever contratual.
Com a morte inesperada do aludido Adonias Galvão, em 1939, poucos dias
após, chegou à fazenda a viúva, acompanhada do seu pai. Aquela senhora passou
algumas ordens como se ignorasse o fato da propriedade não mais lhe pertencer.
Francisco Augusto ponderou que aquele imóvel já era patrimônio seu. A
viúva demonstrou estranheza, e o seridoense informou que tinha em seu poder a
respectiva escritura pública, na qual também constava a assinatura dela,
efetuando a transferência do bem.
Quando Francisco trouxe o documento para conferência da referida
chancela, o sogro de Adonias Galvão sequer permitiu que a filha falasse,
afirmando por ela própria, de fato, tratar-se da sua firma.
Francisco Augusto informou com toda a honestidade que havia adquirido
para pagamento a prazo. Entretanto, a viúva relutou que queria a quitação com
brevidade. Retirada a comitiva, Augusto passou a refletir como conseguiria a
solução para o impasse.
Assim, Chico Augusto viajou até a cidade de Mossoró, em sua estimada mula
“Medalha”, e manteve entendimento com a abastada família Fernandes,
proprietária de um grande empório comercial de compra e exportação de algodão.
Conseguiu o dinheiro emprestado, trazendo-o consigo, com a garantia de pagá-lo,
ao longo de alguns anos, com os rendimentos da própria fazenda.
Por ocasião da missa de trigésimo dia de Adonias Galvão, Francisco Augusto
viajou ao Seridó e fez o pagamento da sua dívida.
Chico trabalhou de forma incansável, obstinada, e honrou o seu
compromisso com os Fernandes. Quando concluiu o pagamento, foi realizada uma
festa na casa-grande da fazenda Santa Bárbara, que coincidiu com o casamento da
filha (Lindú). Nessa festa, foi procedido um leilão cujo rendimento foi
depositado aos pés da imagem de São Francisco, no Canindé, como sinal de
desprendimento e partilha, agradecendo a Deus, pela intercessão do pai dos
franciscanos, o sucesso no objetivo alcançado.
A Santa Bárbara afamou-se na
região como modelo de trabalho e prosperidade: na desenvolvida pecuária bovina;
na produção do algodão; no fabrico do queijo (os queijos produzidos na fazenda
eram os melhores da região) e na extração da fruta de oiticica.
Francisco Augusto de Medeiros faleceu em 20 de setembro de 1983, na
própria fazenda. Era um homem tranquilo, que valorizava o a família e ficava
muito feliz em poder se reunir com todos eles, especialmente na semana santa,
onde a mesa era farta. Augusto notabilizou-se no sertão de seu tempo como
católico fervoroso, modelo de trabalho honesto e perseverante, homem de conduta
irreparável, cujo maior patrimônio legado aos descendentes não foi – ao
contrário do que pensam alguns – a fazenda Santa Bárbara, porém a nobreza do
seu caráter honesto, laborioso e bom.
Já Senhorinha Aniceto passou os últimos dias de sua vida na cidade de
Triunfo Potiguar. Era também uma mulher de fé, cuja devoção remetia à Nossa
Senhora do Perpétuo Socorro, a quem fez uma promessa e passou a realizar uma
festa em homenagem, onde toda renda era destinada à Igreja do Sagrado Coração
de Jesus, em Triunfo Potiguar. O primeiro forro e muitos outros benefícios
foram realizados no templo religioso com o dinheiro arrecadado nas quermesses e
novenas promovidas por Senhorinha. Por isso, até hoje, a imagem de Nossa
Senhora do Perpétuo Socorro sai às ruas de Triunfo durante a procissão do
Sagrado Coração de Jesus.
Senhorinha era uma mulher batalhadora, que valorizava o conhecimento.
Assim sendo, conseguiu, junto à Prefeitura de Augusto Severo, a instalação de
um Grupo Escolar na fazenda para educar as crianças que ali moravam, inclusive
os filhos de trabalhadores. Sempre bondosa e caridosa, acolheu muitos de seus
netos, dando-lhes não só moradia, mas também bastante carinho e proteção.
Senhorinha era mulher de fibra, de personalidade forte e bastante determinada
para os modelos da época.
E assim, na simplicidade da vida no campo, o casal educou seus filhos,
formando-os pessoas de caráter, responsabilidade e honestidade. Hoje, seu legado
é composto por cinco filhos, e mais: 54 netos; 161 bisnetos; 131 trinetos; e 12
tetranetos; totalizando 363 pessoas, que hoje aqui se reencontram para
relembrar e celebrar a vida deste valoroso casal, e de tantas outras narrativas
que fazem a história da GRANDE FAMÍLIA MEDEIROS - descendentes de Francisco
Augusto e Senhorinha Aniceto.
[1] Texto de
Gregório Celso Medeiros de Macedo, relatos de Lufran Medeiros e Socorro
Gouveia e adaptações de Ana Beatriz de Medeiros, lido durante o cerimonial do III Encontro da Família Medeiros, na Fazenda Santa Bárbara, Triunfo Potiguar, por Fabiano Régis.
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