Areré

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quinta-feira, 17 de setembro de 2015

ORIGEM DA FAMÍLIA MEDEIROS EM TRIUNFO POTIGUAR


Francisco Augusto de Medeiros nasceu em 19 de outubro de 1895, no município de Acarai, RN. Era filho de Manoel Xavier de Medeiros e Leonila Rosalina de Jesus (Nila).
Francisco Augusto contraiu núpcias aos 04 de fevereiro de 1922, em Florânia – RN, com Senhorinha Aniceto Araújo de Medeiros, nascida em 22 de abril de 1901, naquele município, sendo filha de Idalino Emídio de Araújo e Isabel. 
Já em 1923, nascia o primeiro filho do casal, batizado de Luiz Gonzaga de Medeiros – Luquinha – in Memoriam. Após Luquinha, nasceram Leônia Medeiros de Souza; Leonice Medeiros (in memoriam); Lindaura Medeiros Batista; e Lindomar Medeiros Gondim (Lindú)- in memoriam, todos no município de Florânia.
Devido às dificuldades da época, Francisco Augusto e Senhorinha transferiram residência do Seridó para o Médio-Oeste, em 1934, indo morar e administrar a valiosa fazenda Santa Bárbara, pertencente ao senhor Adonias Galvão, no então município de Augusto Severo.
Foi na referida fazenda onde nasceram: Lufran Medeiros; Leonila Medeiros Silva - Mariquinha; Leonor Medeiros Silva – Mocinha; Lídia Luzia Medeiros Soares – Dalvinha (in memoriam), e Lidione Medeiros (in memoriam),
A dedicação, o afinco e a lealdade de Chico Augusto o credenciaram a ter a preferência do seu patrão para adquirir a referida propriedade rural. Desta feita, Chico Augusto comprou a Santa Bárbara e a escriturou; mas comprou fiado, pois o senhor Galvão bem era conhecedor da atividade laboriosa de Francisco e confiou que não seria difícil para ele cumprir o seu dever contratual.
Com a morte inesperada do aludido Adonias Galvão, em 1939, poucos dias após, chegou à fazenda a viúva, acompanhada do seu pai. Aquela senhora passou algumas ordens como se ignorasse o fato da propriedade não mais lhe pertencer.
Francisco Augusto ponderou que aquele imóvel já era patrimônio seu. A viúva demonstrou estranheza, e o seridoense informou que tinha em seu poder a respectiva escritura pública, na qual também constava a assinatura dela, efetuando a transferência do bem.
Quando Francisco trouxe o documento para conferência da referida chancela, o sogro de Adonias Galvão sequer permitiu que a filha falasse, afirmando por ela própria, de fato, tratar-se da sua firma.
Francisco Augusto informou com toda a honestidade que havia adquirido para pagamento a prazo. Entretanto, a viúva relutou que queria a quitação com brevidade. Retirada a comitiva, Augusto passou a refletir como conseguiria a solução para o impasse.
Assim, Chico Augusto viajou até a cidade de Mossoró, em sua estimada mula “Medalha”, e manteve entendimento com a abastada família Fernandes, proprietária de um grande empório comercial de compra e exportação de algodão. Conseguiu o dinheiro emprestado, trazendo-o consigo, com a garantia de pagá-lo, ao longo de alguns anos, com os rendimentos da própria fazenda.
Por ocasião da missa de trigésimo dia de Adonias Galvão, Francisco Augusto viajou ao Seridó e fez o pagamento da sua dívida.
Chico trabalhou de forma incansável, obstinada, e honrou o seu compromisso com os Fernandes. Quando concluiu o pagamento, foi realizada uma festa na casa-grande da fazenda Santa Bárbara, que coincidiu com o casamento da filha (Lindú). Nessa festa, foi procedido um leilão cujo rendimento foi depositado aos pés da imagem de São Francisco, no Canindé, como sinal de desprendimento e partilha, agradecendo a Deus, pela intercessão do pai dos franciscanos, o sucesso no objetivo alcançado.
A Santa Bárbara afamou-se na região como modelo de trabalho e prosperidade: na desenvolvida pecuária bovina; na produção do algodão; no fabrico do queijo (os queijos produzidos na fazenda eram os melhores da região) e na extração da fruta de oiticica.
Francisco Augusto de Medeiros faleceu em 20 de setembro de 1983, na própria fazenda. Era um homem tranquilo, que valorizava o a família e ficava muito feliz em poder se reunir com todos eles, especialmente na semana santa, onde a mesa era farta. Augusto notabilizou-se no sertão de seu tempo como católico fervoroso, modelo de trabalho honesto e perseverante, homem de conduta irreparável, cujo maior patrimônio legado aos descendentes não foi – ao contrário do que pensam alguns – a fazenda Santa Bárbara, porém a nobreza do seu caráter honesto, laborioso e bom.
Já Senhorinha Aniceto passou os últimos dias de sua vida na cidade de Triunfo Potiguar. Era também uma mulher de fé, cuja devoção remetia à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, a quem fez uma promessa e passou a realizar uma festa em homenagem, onde toda renda era destinada à Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Triunfo Potiguar. O primeiro forro e muitos outros benefícios foram realizados no templo religioso com o dinheiro arrecadado nas quermesses e novenas promovidas por Senhorinha. Por isso, até hoje, a imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro sai às ruas de Triunfo durante a procissão do Sagrado Coração de Jesus.
Senhorinha era uma mulher batalhadora, que valorizava o conhecimento. Assim sendo, conseguiu, junto à Prefeitura de Augusto Severo, a instalação de um Grupo Escolar na fazenda para educar as crianças que ali moravam, inclusive os filhos de trabalhadores. Sempre bondosa e caridosa, acolheu muitos de seus netos, dando-lhes não só moradia, mas também bastante carinho e proteção. Senhorinha era mulher de fibra, de personalidade forte e bastante determinada para os modelos da época.
E assim, na simplicidade da vida no campo, o casal educou seus filhos, formando-os pessoas de caráter, responsabilidade e honestidade. Hoje, seu legado é composto por cinco filhos, e mais: 54 netos; 161 bisnetos; 131 trinetos; e 12 tetranetos; totalizando 363 pessoas, que hoje aqui se reencontram para relembrar e celebrar a vida deste valoroso casal, e de tantas outras narrativas que fazem a história da GRANDE FAMÍLIA MEDEIROS - descendentes de Francisco Augusto e Senhorinha Aniceto.


[1]  Texto de Gregório Celso Medeiros de Macedo, relatos de Lufran Medeiros e Socorro Gouveia e adaptações de Ana Beatriz de Medeiros, lido durante o cerimonial do III Encontro da Família Medeiros, na Fazenda Santa Bárbara, Triunfo Potiguar, por Fabiano Régis.

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